sexta-feira, 2 de agosto de 2013

O Papa,  a chuva e a lama                                                                                                                          
Uns chamam de coincidência, outros de destino, outros de acaso.
Ou como disse Shakespeare:
"Entre o céu e a terra existem muito mais coisas do que a nossa vã filosofia pode supor".
Seja lá o que for, é incrivel tudo que vem acontecendo nessa cidade nos últimos meses. Passeatas, manifestações, garra, revolta, pedradas, gas  lacrimogênio com bandeiras ao léu, cassetetes e "sou brasileiro , com muito amooooooorrrrrr". Na chuva, na lama, ou numa casinha de sapê , debaixo desse céu risonho e límpido , "desculpem o transtorno, estamos reformando o país."
E como se fosse pouco, veio o Papa,enchendo mais uma vez as ruas, as praias, o mundo todo assistindo de camarote a força da natureza humana expressada no rosto de uma multidão sedenta de ética, decência, humildade e respeito. VIva Francisco, com sua sutileza cortante e contrastante com as caras de pau reinantes que se acotovelam para sair bem na fita que, mais do que queimada, está poída.

Tem problema, não. A chuva lavou  a sujeira, a lama simbolizou a nojeira e o vento frio carregou para bem longe nossa desesperança e leseira. O som fantástico ouvido por quem atravessava à pé o  túnel em Copacabana,  trazia junto a certeza  de que a Torre da  Babel que invadiu o Rio por uma semana, é apenas um sinal de que uma outra linguagem está se constituindo nesse país e que novos tempos estão chegando, varrendo figuras nefastas que não merecem sequer os guardanapos que usam nas cabeças.São as águas de julho lavando o invernão e a promessa de vida em nosso coração.

Angela Villela
Psicanalista (prosafreudiana.)